O Natal e a sua celebração têm sofrido várias alterações ao longo da história. Apesar de esta ser uma festa cristã, com o passar do tempo, converteu-se numa festa familiar, com tradições pagãs, em parte germânicas e em parte romanas. Muitos de nós, no entanto, só nos recordamos das celebrações natalícias como se vivem nos dias de hoje. Contudo, o verdadeiro simbolismo do Natal oculta transcendentes mistérios. Conheça a história pagã do Natal.
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Quando procuramos entender a verdadeira história do Natal, acabamos perante rituais e deuses pagãos. A verdade é que todos assimilámos as tradições que conhecemos desde crianças, aceitando somente a origem cristã desta festa, mas está é só uma das faces da história.
Vamos, então, recuar atrás no tempo e compreender como é que o Natal se tornou tal e qual como o conhecemos hoje.
A história do Natal começa pelo menos 7 mil anos antes do nascimento de Jesus Cristo. É tão antiga quanto a civilização e tem um motivo simples: celebrar o Solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que ocorre no final de dezembro. A partir dessa madrugada, o sol demora-se cada vez mais no céu, até ao auge do verão. É o ponto de virada das trevas para luz: o “renascimento” do Sol.
De entre as festividades mais importantes da antiguidade na Europa e no oriente, destacava-se uma: a que homenageava o Deus Mitra – um dos muitos “deuses solares” da História.
O deus Mitra é um deus de origem persa, idolatrado entre as legiões romanas. Mitra era uma divindade solar cujo dia de culto celebrava-se ao domingo, o dia do Sol. Por esse motivo, esta divindade está também ela muito relacionada com o Solstício de Inverno, que ocorre no dia 21 de dezembro. Segundo a mitologia, Mitra luta contra as trevas e durante três dias permanece nos infernos, “renascendo” no dia 24 de dezembro, dia em que a luz começa a “ganhar horas à obscuridade”.
Em Roma, o seu culto era celebrado no dia 25 de dezembro e suponha o final da festividade das Saturnálias. Este era um feriado muito popular entre os soldados, algo que vinha de encontro ao desejo de ascensão do cristianismo. Por possuir este forte apelo popular, acabou por ser, posteriormente, a festa escolhida para ser substituída pelo Natal cristão.
Assim, somente 400 anos após o nascimento de Jesus, é que a celebração da sua natividade começava a ser instituída.
A explicação é bastante peculiar. Como foi dito anteriormente, as celebrações do mitraísmo (assim como outras festas pagãs) atraíam muitos fiéis à época, algo que concorria bastante com o cristianismo. A Igreja Católica definiu a data de nascimento de Cristo no mesmo período das festividades de Mitra e outras festas pagãs próximas, para facilitar a aceitação e conversão dos pagãos.
Até então, os cristãos simplesmente não celebravam o Natal. Com o crescimento da Igreja no decorrer das décadas, foi concebida uma estratégia para integrar os diversos rituais, cultos e festas pagãs do Oriente Médio e Europa. A instituição do Natal no dia 25 de dezembro, decretado pelo Papa Júlio I em 350 d.C. foi a pedra fundamental dessa estratégia.
Entender o simbolismo em torno do Solstício de Inverno no hemisfério norte é a chave para entender a escolha do dia 25 de dezembro pela Igreja Católica.
Os próprios romanos tinham outra festividade muito importante perto deste período: as Saturnálias.
As Saturnálias eram entendidas como as festas mais esperadas e importantes do calendário romano. Dedicadas ao deus Saturno, celebravam-se durante uma semana: do dia 17 ao dia 23 de dezembro e comemoravam o final da sementeira de Inverno – o momento em que os escravos e servos podiam descansar dos seus afazeres quotidianos. Durante estas festas, os romanos entregavam-se aos excessos alimentares, visitavam os amigos e familiares e trocavam presentes, tal e qual o nosso Natal atual.
Terminavam com a celebração do nascimento do Sol Invicto – o sol que não morre. Esta festividade coincidia, no calendário solar, com os dias mais curtos do ano, que são os últimos dias do outono, próximo do Solstício de Inverno. É por esta altura que a obscuridade se impõe à luz e o sol, alegoricamente, morre. Astrologicamente coincida com a entrada do Sol no signo de Capricónio.
Na esperança de converter os pagãos, o cristianismo adotou as suas festas e celebrações. Desta forma, os líderes cristãos conseguiram, finalmente, converter um grande número de pagãos ao cristianismo de uma só vez, prometendo-lhes que pudessem continuar a celebrar as festas como cristãos. Como todas as celebrações em torno do solstício de inverno eram muito parecidas, a transição não foi difícil, apenas houve uma mudança de foco: do Sol para Jesus.
Os antigos cultos pagãos foram, assim, substituídos pelos costumes do novo credo. Embora somente tenham mudado de nome e forma, continuam presentes no inconsciente coletivo que, ano após ano, celebra a chegada da Luz e a sua Vitória sobre as sombras.
Nas celebrações ao Sol, por exemplo, tinha-se o costume de queimar um tronco de madeira por 12 noites consecutivas. Desse ritual vem a tradição do tronco natalício, hoje transformado nas velas e luzes de Natal.
A árvore de Natal também vem das tradições pagãs: o pinheiro é uma árvore que resiste ao inverno, simbolizando força e esperança. Só não se sabe ao certo como se deu a adaptação para a árvore de Natal, mas alguns relatos demonstram que, por volta do século XV e XVI, em algumas cidades europeias, os pinheiros eram decorados com maçãs, nozes e outros ornamentos.
A prática começou a espalhar-se e a árvore de Natal passou a ser um item obrigatório nas natalícias.